segunda-feira, 17 de junho de 2013

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM - TEXTO: AEROPORTO



Tempo Previsto: 2 a 4 aulas

      Série: 8ª série/9º ano

Objetivos: reconhecer a Tipologia Textual Narração e seus elementos.

Conteúdo Temático: revendo, reconstruindo o Gênero Textual Crônica.

Competências e Habilidades: identificar a finalidade de um texto, seu gênero e assunto principal, inferir informações pressupostas ou subtendidas em um texto literário com base na sua compreensão global.

Estratégias: leitura prévia e compartilhada do texto “Aeroporto”, discussões em grupo, localizar e comparar informações.

Recursos: audiovisual, caderno do aluno, fotos do aeroporto, livros didáticos.

Avaliação: fichas de leitura, reescrita da crônica, produção de texto mostrando a continuação da história “Aeroporto”.


Leitura e análise de texto
Aeroporto - Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas intenções para com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu trabalho: tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.

Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o. Gostam de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.


Extraído de: Cadeira de balanço. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1976, p. 61, 62.


Atividade 1 – Análise e Interpretação de Imagem
1-     Analise as imagens abaixo:


                                            A                                                                       B




a-     Você conhece os ambientes das imagens A e B? Já viu ou passou em algum lugar parecido? Em que situação?

b-    Qual a relação dessas imagens com o texto “Aeroporto”?
Atividade 2 – Interpretação de Texto

1-     A narrativa conta a história de Pedro. Quem era Pedro? Como ele é apresentado? Qual a possível relação de Pedro com o outro personagem da história?

2-     Leia: “Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor”. A partir do trecho lido você consegue perceber em que local a história aconteceu? Justifique.

3-     O texto “Aeroporto” é uma narrativa contada em 1ª ou 3ª pessoa? Justifique com exemplos do texto.

4-      Leia: “De repente o aeroporto ficou vazio”. Qual o sentido da palavra em destaque dentro do texto?

Atividade 3 – Conhecendo o Gênero Textual Crônica

A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa. A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo”.(Fonte: http://www.brasilescola.com/redacao/a-cronica.htm).   

A partir da leitura do trecho responda:

a-     Você já ouviu falar do Gênero Textual Crônica?
b-    O texto “Aeroporto” pode ser considerado uma crônica? Justifique.
Atividade 4 – Produção de Texto
a-     Agora que você já conhece a história do texto “Aeroporto” que tal produzir um texto? Você deverá desenvolver uma crônica contando o que aconteceu depois da partida de Pedro. Use sua criatividade.



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