Tempo Previsto: 2 a 4 aulas
Série: 8ª série/9º ano
Objetivos: reconhecer a
Tipologia Textual Narração e seus elementos.
Conteúdo Temático: revendo,
reconstruindo o Gênero Textual Crônica.
Competências e
Habilidades: identificar a finalidade de um texto, seu gênero e assunto principal,
inferir informações pressupostas ou subtendidas em um texto literário com
base na sua compreensão global.
Estratégias: leitura prévia e
compartilhada do texto “Aeroporto”, discussões em grupo, localizar e comparar
informações.
Recursos: audiovisual,
caderno do aluno, fotos do aeroporto, livros didáticos.
Avaliação: fichas de leitura,
reescrita da crônica, produção de texto mostrando a continuação da história
“Aeroporto”.
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Leitura e análise de texto
Aeroporto - Carlos Drummond de Andrade
Viajou meu amigo
Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor.
Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não
falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não
deixamos de explorá-la a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de
palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite
sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender
admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e
meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem
motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista
da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso
especial, revelador de suas intenções para com o mundo ocidental e o oriental e
em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos,
gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a
classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu trabalho: tinha
horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais,
criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam
providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se
merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou
inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como
principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não
ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume,
e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus
sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para
violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à
tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no
escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em
nossa mão, requisitava-o. Gostam de óculos alheios (e não os usa), relógios de
pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples
ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é
seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o
conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo
diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me
esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação
apressada sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de
incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe
ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a
lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me
sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua
azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa
amizade — e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de
prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo
Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu
companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
Extraído de: Cadeira
de balanço. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1976, p. 61,
62.
Atividade 1 – Análise e Interpretação
de Imagem
1- Analise as imagens
abaixo:
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a- Você conhece os
ambientes das imagens A e B? Já viu ou passou em algum lugar parecido? Em que
situação?
b- Qual a relação dessas
imagens com o texto “Aeroporto”?
Atividade 2 – Interpretação de Texto
1- A narrativa conta a
história de Pedro. Quem era Pedro? Como ele é apresentado? Qual a possível
relação de Pedro com o outro personagem da história?
2- Leia: “Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três
horas o seu quadrimotor”. A partir do trecho lido você consegue perceber em
que local a história aconteceu? Justifique.
3- O texto “Aeroporto” é
uma narrativa contada em 1ª ou 3ª pessoa? Justifique com exemplos do texto.
4- Leia: “De
repente o aeroporto ficou vazio”.
Qual o sentido da palavra em destaque dentro do texto?
Atividade 3 – Conhecendo o Gênero Textual Crônica
“A crônica
é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de
fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa. A origem da palavra
crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características
desse tipo de texto é o caráter contemporâneo”.(Fonte: http://www.brasilescola.com/redacao/a-cronica.htm).
A partir da leitura do trecho responda:
a-
Você já ouviu falar do Gênero Textual
Crônica?
b-
O texto “Aeroporto” pode ser
considerado uma crônica? Justifique.
Atividade 4 – Produção de Texto
a- Agora que você já
conhece a história do texto “Aeroporto” que tal produzir um texto? Você deverá desenvolver
uma crônica contando o que aconteceu depois da partida de Pedro. Use sua
criatividade.
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