Analisando o conto Pausa de Moacyr
Sclair
O objetivo desta
Situação de Aprendizagem é estudar os traços do gênero “conto”, por meio de diferentes habilidades.
Ao final desse processo, o aluno deve
ser capaz de: conhecer as
características de um conto , ampliar sua capacidade leitora e dar ênfase na
compreensão e no entendimento do texto.
Tempo previsto: 6 aulas série: 8ª / 9º ano
Conteúdo e temas:
- · Roda de conversa
- · Inferência
- · Exploração do título
- · Formulação de hipóteses
- · Mostrar as características do gênero “conto”
- · Leitura do conto Pausa de Moacyr Sclair
- · Tipologia “descrever ações” do conto
- · Coerência e organização textual
- · Entonação na leitura do conto.
- · Buscar as informações subentendidas no texto.
Competências e habilidades :
Espera-se que, tendo como referência principal a
tipologia narrativa,em situações de aprendizagem intermediadas e
orientadas durante as leituras de contos, os alunos devem desenvolver as
seguintes habilidades:
- · Inferir informação pressuposta ou subentendida no texto literário com base na sua compreensão global.
- · Localizar informações no conto , compará-las e generalizá-las.
- Inferir opiniões ou conceitos pressupostos ou subentendidos em um texto.
- · Reconhecer o processo de composição textual como um conjunto de ações interligadas.
- · Reconhecer e relacionar linguagem verbal e não verbal no entendimento textual (diálogo entre textos).
- · Reconhecer os traços característicos do gênero conto.
- Posicionar-se como agente das ações que contribuem para sua formação como leitor e escritor. Co-autor textual.
A partir de conhecimentos prévios, inferências , com o
direcionamento do professor e aproximação com a realidade do aluno, uso de
recursos visuais ( imagens) e uma aula interativa com perguntas e respostas buscar aproximar os
alunos e atrai-los na compreensão
e entendimento do texto.
Roteiro para a aplicação da Situação
de Aprendizagem
Passo 1
Reconhecendo as
características de um conto.
Passo 2
Inicialmente e com
a ajuda do Data Show coloque imagens
relacionados ao título Pausa e o nome do autor
Moacyr Sclair na lousa. A partir
das imagens , do título e nome do autor estimule os alunos a trabalhar com hipóteses respondendo
as seguintes perguntas:
- O que você entende pela palavra Pausa? No seu cotidiano, quais momentos ela acontece e por quê acontece?
- Nas aulas anteriores fizemos a leitura do conto Passeio Noturno de Moacyr Sclair. A partir dessa leitura e das características aprendidas sobre o estilo do autor , podemos através de sugestões responder o por quê Sclair escolheu o título Pausa?.
- Agora observem as imagens e tentem relacioná-las com o título do conto. Quais as hipóteses que podemos firmar a respeito do tema e do assunto.
Mudando o Foco
Passo 3
Após
o aquecimento e levantamento de hipóteses , o conto deve ser
apresentado aos alunos, no Data Show em fragmentos, algumas partes devem ser
omitidas, com o propósito de convidar o
aluno a abrir seus horizontes,
despertar seu senso critico e
instigá-los a trabalhar com hipóteses. Nesse momento, a criatividade e a
participação de todo o grupo é fundamental.
Essa estratégia permite que o aluno seja, nesse caso, um co-autor do
texto, além de despertar a curiosidade a respeito do enredo e seu desfecho
final.
As
perguntas abaixo, podem ajudá-los a imaginar o conto num sentido mais amplo.
- Aonde Samuel vai todos os domingos de manhã? Descreva esse espaço por ele freqüentado.
- Nesse lugar o homem encontra alguém? Quem? Tente imaginar e descrever as características físicas , caso essa personagem exista?
- O que Samuel costuma fazer nesse local ?
- Quando a personagem afrouxa a gravata, conforme declaração do narrador.Quais serão suas próximas ações ?
- Por que Samuel é chamado de João, ao final do conto?
- Por que Samuel tem essa atitude fora de casa?
Recursos
- · Conto Pausa de Moacyr Sclair
- · Data show
- · Imagens
- · Lousa
- · Giz
Passo 4
Para
avaliação final da Sequência Didática o
professor deve convidar cada grupo a
completar as partes do texto Pausa, que foram omitidas durante a leitura. O propósito dessa etapa é ampliar
o nível de envolvimento dos alunos durante a leitura textual, estimula-los a criarem hipóteses e, principalmente,
proporcionar a interação entre os pares. Acreditamos que essa estratégia só vem a fomentar uma maior participação e compartilhamento dos alunos nas discussões e analises dos textos.
Após a leitura oral dos grupos e para finalizar a situação de aprendizagem, leia o conto “Pausa”
de Moacyr Sclair original e na integra. Os alunos se surpreenderão ao comparar suas criações com o texto original. Essa roda de
conversa é fundamental para incentivá-los a buscar outros textos literários .
Para finalizar oralmente faça as seguintes perguntas:
1. Você se surpreendeu com o conto original ?
2. Existe alguma semelhança do seu conto com o conto original?
3.De todas as leituras feitas , escolha o conto que o grupo achou mais criativo. Justifique para a sala sua escolha.
1. Você se surpreendeu com o conto original ?
2. Existe alguma semelhança do seu conto com o conto original?
3.De todas as leituras feitas , escolha o conto que o grupo achou mais criativo. Justifique para a sala sua escolha.
Essa parte da atividade deve ser
feita oralmente numa roda de conversa.
Os alunos serão avaliados pela
sua participação e interesse na atividade.
CONTO - PAUSA
Às sete horas o despertador tocou.
Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se.
Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches,
quando a mulher apareceu, bocejando:
- Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça.
Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba,
embora recém feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era
uma máscara escura.
- Todos os domingos tu sais cedo -
observou a mulher com azedume na voz.
- Temos muito trabalho no escritório –
disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: - Por que não vens almoçar?
- Já te disse: muito trabalho. Não há
tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a
carga,
Samuel pegou o chapéu:
- Volto de noite. As ruas ainda
estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava
vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa
quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente
duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os
lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando
Capítulo 6 Professor: Edson um
homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando
os olhos, pôs-se de pé.
A gente
- Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo
hoje. Friozinho bom este, não é? - Estou com pressa, seu Raul! – atalhou
Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de
sempre. – estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante.
Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado,
olharam-no com curiosidade.
- Aqui, meu bem! - uma gritou e riu:
um cacarejo curto. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.
Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um
canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas
esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na
mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis
com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a
gravata. Sentado na cama comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no
papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir. Em pouco dormia. Lá embaixo a
cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, as jornaleiras gritando,
os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela
cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por
uma planície imensa, perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto
abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale
entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde
sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados:
o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de
suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois,
silêncio.
Às sete horas o despertador tocou.
Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e
saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia
uma revista. - Já vai, seu Isidoro?
- Já – disse Samuel, entregando a
chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. - Até domingo que vem, seu Isidoro
– disse o gerente.
- Não sei se virei – respondeu Samuel,
olhando pela porta; a noite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre
– observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais guiava lentamente.
Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu
avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
IMAGENS
DataShow
Referências bibliográficas :
BAKHTIN, M. M./VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard et al. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (Francófona). In: ______. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2012. p. 35-60.
ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. In: Curso EaD/EFAP. Leitura e escrita em contexto digital – Programa Práticas de leitura e escrita na contemporaneidade. 2012.
SCLIAR, Moacyr. Pausa. In: BOSI. Alfredo (Org.) Conto Brasileiro Contemporâneo. São Paulo: Cultrix, s/d. p. 275-277.
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Parabéns! todas as situações de Aprendizagens publicadas ficaram ótimas. Adorei os vídeos do Papa Léguas. Maravilhoso.
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