O texto abaixo apresenta uma das visões sobre escrita e leitura. É um trecho de uma tese que defendi, mostrando que essas competências são muito além do que muitos imaginam.
A importância da leitura e da escrita
Desde os tempos dos antigos povos
egípcios (sumérios e acádios) houve a necessidade de comunicação, representada
de forma que cada povo compreendesse. Para que esse contato acontecesse, foram
elaboradas diversas formas de representações: pictográficas, cunhas,
hieróglifos... Percebe-se que somente o registro não era suficiente, dessa
maneira a arte de escrever foi se espalhando, deixando de ser só figuras
representativas para símbolos significativos desenvolvendo os sentidos
apresentados nos textos.
Koch, (2006) explora uma ideia por
meio de um texto com o título de “Modelos de interpretação” do filósofo Dascal
(1992), que define o Homem como um caçador de sentidos. (...) O ser humano não
vive sozinho, precisa do outro, tem a necessidade de receber e enviar mensagens
significativas, contextualizadas, dentro da sua visão de mundo e agir
apropriadamente no seu convívio social. A necessidade de se comunicar
contribuiu para a formação de diversas sociedades.
A sociedade impõe regras as quais devem ser
obedecidas e se o cidadão não tiver essa habilidade, será colocado à margem e
essa pessoa sexcluída do grupo. O grupo social está
em constante mudança, consequentemente, as regras acompanham as modificações. A
pessoa que sabe somente decodificar e não compreender a leitura terá
dificuldade em conviver no grupo, porque sempre haverá criação de símbolos e os
novos códigos devem ser interpretados com o significante e significado
compreendidos. Considera-se analfabeto o
participante do grupo social que não entende o que lê e apenas decodifica o que
escreve; desenha letras, não sabendo seu significado e pior fica se juntá-las.
Para exemplificar, observe um fato ocorrido em Pernambuco em abril de 2010: O
Ministério Público (MP) precisou interromper o andamento de um concurso público
por causa de uma denúncia, de que um candidato analfabeto conseguiu ser
aprovado. Foi constatado que o homem não sabia ler, “só sabia escrever o nome”.
Como ele se inscreveu? Com a ajuda de uma funcionária no local de
inscrição. O MP analisou o caso,
verificou que o processo estava de acordo com o regulamento do concurso, mas o
candidato não cumpria o requisito de ter a escolaridade de Ensino Fundamental,
regra que sempre é clara nos editais e declara a reprovação caso a inexistência
da comprovação exigida. O andamento do concurso foi liberado pelo MP, mas na
homologação não deveria constar o nome do referido candidato. Segundo o portal
noticias.r7.com, o homem foi reprovado por não apresentar a documentação de
escolaridade de Ensino Fundamental, conforme consta no edital. Esse fato deixa
claro que o candidato estava com o conhecimento restringido e as pessoas que
estão inseridas na mesma situação, não conseguem interagir em um grupo
exigente, principalmente no que se refere ao quesito leitura e escrita. Pessoas limitadas ficam estagnadas naquilo
que já sabem e não evoluem para um desempenho social mais eficaz. O próprio
homem declarou diante da Promotoria Pública e em entrevista concedida a uma emissora
de TV (Amajobe-PE), que na prova “chutou as questões escolhendo os quadrinhos
em que ia colocar o xis”. O repórter entregou um livro ao candidato, solicitou que lesse o título de
um texto de um livro didático. O homem
sabia soletrar e confessou que “se juntasse as letras não sabia o que era”.
Esse episódio demonstra que as teorias são verídicas, que há a necessidade de
compreensão para viver em comunidade. Esse homem, que é agricultor, perde muita
coisa de seu convívio por não obter conhecimento mais ampliado, de não ter as
habilidades de interpretação, análise, compreensão, que geram a competência de
ler e escrever. Quem não lê, não escreve. Uma prática depende da outra. O emprego público desse trabalhador rural foi
perdido. O trabalho que precisava e
provavelmente seria o meio de melhoria em sua família, foi impedido, pela razão
de não ter documentos comprobatórios, regra que a sociedade exige para o
convívio social: o indivíduo deve saber compreender os signos linguísticos e
entender o seu significado para conquistar o seu espaço.

Lilian Conceição Guimarães
Muito bom o seu texto.
ResponderExcluirAgradecida rs
Excluirmuito interessante seu texto.
ResponderExcluirAgradecida, Eliane. Resolvi desenvolver esse tema para que as pessoas possam realmente refletir no que significa essas competências do ler e escrever, que é exigido no Código de Trânsito Brasileiro - CTB e a fundamental importância desses atos que vão além de sala de aula ou escola como muitos acreditam.
ExcluirSabe Lilian estava lendo seu texto novamente e lembrei dos meus alunos do
ResponderExcluirensino Medio, Eles precisam ler esse tipo de texto para entender a importância de ler e entender, mas infelizmente estamos vivendo momentos do
chute .
Infelizmente, Eliane, nossa juventude não connsegue perceber o que deve ser valorizado para seu crescimento. A palavra "democracia" é muito complicada para ser entendida e colocá-la em prática. O povo brasileiro não estava preparado para ela e sofremos duras consequências por causa disso.
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